O vento me traz de volta
O teu cheiro de chocolate.
Descubro gravada em minhas pálpebras
Aquela velha imagem,
Daquela noite distante.
O frio desta noite é intenso.
Vejo teu espectro na janela,
Olhando nossas constelações.
Ao meu abraço, você se desfaz.
Fecho os olhos novamente,
Para rir de mim mesmo,
Para mim mesmo,
Este sorriso corretivo.
E de violão no colo,
E caneta na mão,
Volto a escrever,
Nessa jovem página amarelada.
Marcos Matos
Esse seu escrito lembrou esse poema:
Neste momento,
penso em você e então
quisera me transformar em vento.
E se assim fosse,
chegaria agora como brisa fresca
e tocaria leve sua janela.
E se você me escuta e
me permite entrar,
em você vou me enroscar
quase sem o tocar.
Vou roçar nos seus cabelos,
soprar mansinho no ouvido,
beijar sua boca macia,
o embalar no meu carinho
Mas eu não sou vento...
Agora sou só pensamento e
estou pensando em você.
E se abrir sua janela,
eu estou chegando aí,
agora...
neste momento,
em pensamento...
no vento.
Roberto Shinyashiki
Gostei da jovem página amarelada e das entrelinhas que ela traz.
Oi Marisa, desculpe a demora em responder seus comentários. Talvez possa ser saudades, mas acho que o seguir é mais esperado do que o retornar palpável e que já perdeu o gosto. Mas a ordem é sempre atender aos desejos, então sempre escrevemos algo, nem que seja pra cobrir de corretivo no futuro. Não é possível apagar o passado, mas é possível enterrá-lo, cobri-lo. E muitas vezes mais que conveniente. Espero não estar sendo muito negativo, mas só nós precisamos conhecer o nosso passado. Por isso a página não é arrancada, pois por cima dos erros podemos escrever uma estória melhor, e que não tenha os mesmos erros. As marcas na página vão sempre estar ali, lembrando cada erro cometido, desde que a caneta lambeu pela primeira vez o papel. Isso impede a reincidência.
Fazer uma releitura ressignificando os acontecimentos à partir de novos conhecimentos e da maturidade isso é possível e o que podemos fazer de melhor por nós mesmos. Percebo sim essa ânsia, esse desejo de um futuro reescrito em novas bases. Mas acredito que as marcas não são suficientes para impedir a reincidência.
Outro problema é que muitos acreditam que o meu passado é só meu. Eu nunca estive só. O passado é escrito de forma coletiva e nessa escrita cada um faz sua parte, mas a grande dificuldade é no tempo da colheita. A maioria das pessoas só querem o bonus nunca o onus
de suas ações.
Abraços.
Olha Marisa pode até ser infantilidade, eu posso estar de viseira, mas eu ainda creio que no fim todos têm um vasto passado enterrado.
Não é infantilidade e viseira sua. A maior parte de todo passado, seja individual ou coletivo está enterrado. Não discordo de você nisso.O esquecimento é uma condição natural para que possamos seguir em frente. O que resta do passado são as lembranças que cultivamos e guardamos pois são importantes e significam muito para cada um de nós.
Quando falo de saudade não entendo como um desejo de voltar ao passado. É que às vezes sentimos tanto a falta de alguém que a única forma que temos de nos encontrarmos com este alguém e satisfazermos um pouco dessa falta é através das lembranças que temos. Quanto aos erros do meu passado, gosto de estuda-los, analisa-los e também de estudar e analisar suas motivações, o que me levou a cometer aqueles erros. Só assim saberei as mudanças que preciso fazer em mim para não repeti-los. Por exemplo: se um homem bate em uma mulher ele logo se arrepende, pede perdão e diz que não vai repetir tal ato pois a ama. Ela acredita voltam a ficar de bem. Algum tempo depois a cena se repete. Por quê? Por que ele acha que bateu nela por conta das circunstâncias momentâneas,um estress, uma raiva qualquer. Engano. Ele bateu nela por causa de seus valores machistas construídos social e individualmente na longa história da sociedade e ao longo de toda uma vida. Assim são nossos erros. Não há problema em passar corretivo. É até bom. Mas não é suficiente para não reincidir.
Ah eu achei muito inspirador e triste.Sentir saudade de alguem é muito ruim.
PS:Voce escreve muito bem...parabens!!
Eu não chamaria de espectro este poema, mas de de saudade.É disso que ele fala. De como você sente saudade. O espectro dela faz parte da cena de saudade.
Fiquei aqui pensado: porquê a saudade? Será que poderia ser diferente. Será que alguma atitude sua mudaria essa cena. Que atitude? Todos seu poemas vêm contando a história desse sentimento por uma pessoa que é muito importante pra vc. Será que ela conhece os detalhes dessa história? Se ela conhecesse o que mudaria?? Por exemplo se você musicasse seus poemas gravando um cd, ou mesmo os declamasse ou então simplesmente os lesse e com sua voz gravada entregasse pra ela como um presente do dia dos namorados, de aniversário ou de uma data especial qualquer?? Que consequências traria?? Pense: você pode colocar mais cor e vida nesse sentimento que já é tão belo e tão importante pra você e talvez pra ela também. Pense nisso!! Beijocas.