Sempre desejei ter asas.
Porque realizou meu desejo?
Agora posso ir para onde quiser.

Para onde eu vou?
E se eu for e não quiser voltar?
Algo aqui morrerá sem mim?
Ou eu morrerei sem algo daqui?
Posso ir ver outras cidades,

E suas luzes.
Mas como ficarão as daqui?
Posso ver novos sóis se porem.
E novas luas se erguerem.
Posso só sentir as brisas.
Mas e o aqui, onde encaixo?
Querer ir dói.
E querer ficar é triste.
No fim das contas,
Em todo lugar vou estar;
Deserto.


Marcos Matos


Sou filho de Antares.
Minha boca é caixa de Pandora,
E cabeça de Atena.
Meus olhos são buracos de minhoca.
Minha pele é o próprio cosmos.
Minha mão é sutil como Vênus,
E forte como Marte.
Minhas vestes seguem a moda apoliana.
Minha ira é choque entre galáxias.
Meu esquecimento é um buraco negro.
Minha intuição supera Nostradamos.
Meu desejo é o teu Zenit.


Marcos Matos


Minhas cordas pocaram?
Ou seus dedos cansaram de me dar movimento?
Bem, ainda não toquei o baú,
Mas posso sentir ele se aproximando a cada segundo.
Se pudesse ser escolha minha;
Preferia que o problema fosse nas cordas.
Prefiro perde-las a perder seu toque.
Se bem, que dos dois modos eu perderia.
Mas, espero que sua infância passe logo.
Para que nenhum presente novo;
Te tire de outro brinquedo;
Assim como esse aí te tirou de mim.


Marcos Matos